A defesa da justiça social pelo empoderamento da comunidade

Quem não está no topo serve ao topo e isso perpetua a pirâmide. Criaram estas estruturas hierárquicas e todos continuam acreditando nelas. Mas o que leva um numero reduzido de pessoas do topo da pirâmide social a dominar toda a sociedade? Porque a sociedade não reage a isso?

Os indivíduos da escala inferior da sociedade, os despossuídos da base são os mais afetados pela exploração, são as principais vítimas da exclusão. Estão fracos demais para reagir, enfraquecidos demais para lutar. As estratégias de manipulação que as elites lhes impuseram, por meio da mídia, da escola, do enfraquecimento da família e da comunidade surtiu o efeito esperado. Eles detêm apenas conhecimentos esparsos, que não lhes permitem fazer uma conexão do todo. Gerações seguidas de manipulação faz com que achem que as coisas são mesmo assim.

A classe média culta e letrada, as pessoas ditas esclarecidas, estão preocupadas em subir. E explora a classe imediatamente inferior para chegar lá. 

A pessoa só reage e sai da sua inércia quando em grande crise. Quando já não suporta mais a opressão… Quando reclama que não tem pão e a Maria Antonieta manda comer brioche… quando obrigam Jesus obedecer Roma e não a Deus… Quando já não suporta mais o autoritarismo, o controle, ela é impelida por um novo impulso de renovação e rompe barreiras e reage.

É o fundo do poço que dá o impulso para subir. Família desmantelada por gerações seguidas, pessoas sujeitas a manipulação midiática, sem o desenvolvimento do discernimento crítico tendem a ignorar o fundo do poço. Por isso a fraqueza das reações. Por isso a falta de indignação.

O mundo vive uma globalização da indiferença, como bem disse o Papa Francisco. Aliás, como alguém pode ser tão legal como o Papa Francisco? Ele alerta que quando estão bem, as pessoas se esquecem dos problemas que os outros podem estar enfrentando. Ele denuncia o cinismo desta civilização. O egoísmo se espalhou pelo mundo e esse é um dos desafios mais urgentes.

A fraqueza das reações se deve ao fato de estarmos experimentando o que é chamado de vazio do pensamento. Existe liberdade de expressão. Graças a Deus todo mundo fala o que quer. Porém há um controle da liberdade de pensamento.

A elite social, econômica e política que exerce forte controle sobre o conjunto da sociedade através da manipulação da informação. Os interesses particulares prevalecem sobre o bem comum. Com a força do dinheiro, elegem-se deputados, senadores, nomeiam-se ministros, elegem-se presidentes, consegue-se o que for preciso, até leis que os protejam. Redes de televisão, rádios, editoras de jornais e revistas são comprados e, com esses meios, transforma-se a opinião do povo.

E se houvesse a ruptura com essa relação sadomasoquista de exaltar quem está em cima e pisar em quem está em baixo. E se os tais esclarecidos passassem pusessem seus conhecimentos a serviço para provocar o fortalecimento das comunidades?

E se em vez de uma classe explorar o nível da classe imediatamente inferior, por estar mais esclarecida, se responsabilizasse pela sensibilização do nível da classe imediatamente inferior a esta. Isso quebra a estrutura de classe.

Imagina a classe média fazendo imersão sociológica nas periferias para se sensibilizar dos problemas dali. Imagina ir ao encontro das pessoas, enfim, colocar o que aprendeu a serviço dos que mais precisam. Dedicar três horas semanais para o serviço ao próximo, participar de rede de voluntários.

Imagina uma mobilização de pessoas (Advogados, psicólogos, administradores, assistentes sociais, etc.) desenvolvendo uma intervenção por meio de palestras, visitas domiciliares, cursos nas comunidades, nos bairros da periferia? Imagina um professor dando uma boa aula na escola pública ou um diretor aplicando ferramentas arrojadas de gestão numa escola de um bairro pobre?

A reação passa pela necessidade de provocar o pensamento reflexivo, o fortalecimento dos vínculos familiares, ações que estimulem a participação das comunidades nos processos decisórios, tudo isso para a defesa da justiça social pelo empoderamento da comunidade.

  • Estas estruturas hierárquicas foram inventadas um dia desses e só prevaleceram porque convencionou-se acreditar nelas. É preciso reagir a isso. Se a alienação impede as reações é preciso problematizar! É preciso regatar a capacidade de indignação. Os indignados do mundo precisam se unir na defesa da justiça social.

Veramoni

Veramoni

Educadora, Palestrante e Escritora.
Criadora da Educ

Postagens Relacionas

Etnocentrismo

Na obra a Economia da idade da pedra, Marshall Sahlins (1972) afirma que éconveniente a ideia de uma vida muito dura no paleolítico, levando a

A eficácia escolar

A instituição escolar, uma das mais antigas e sólidas dentre as instituições, atravessou séculos, testemunhou mudanças de sistemas econômicos e mudanças em modelos civilizacionais. Hoje,

A atratividade da sala de aula

É até intuitivo que um ambiente bem organizado e colorido é mais agradável e estimulante. Pois bem. Alguns experimentos realizados com ratos pela neuroanatomista norte-americana

plugins premium WordPress