É até intuitivo que um ambiente bem organizado e colorido é mais agradável e estimulante. Pois bem. Alguns experimentos realizados com ratos pela neuroanatomista norte-americana Maria Diamond demonstraram que quando desafiados em ambiente enriquecedor – com brinquedos coloridos, rodas, escadas e rampas em suas gaiolas – esses animais desenvolveram um córtex cerebral maior do que outros criados em ambiente não estimulante. Eles desenvolveram um maior número de ramificações neurais.
Estudos com humanos revelam igualmente que os estímulos favorecem o desenvolvimento cerebral.
Esse conhecimento leva a conclusão de que uma sala de aula em que apenas há a repetição do que é ouvido é bem menos estimulante do que outra em que os/as alunos/as são desafiados e têm a oportunidade de aprender de diversas maneiras.
Tais pesquisas confirmam que será melhor a educação se realizada num ambiente acolhedor que propicie o desenvolvimento de jogos, brincadeiras, com o uso de objetos coloridos para melhor desenvolvimento neural.
A aprendizagem se dá pela interação entre educadores/as e educandos/as. É preciso criar ponte entre os dois e quando a criança ou o adolescente não consegue aprender é preciso buscar alternativas que podem estar fora da sala de aula. Pode-se, por exemplo, recorrer à dança, à música, ao jogo, aos esportes e principalmente ao cotidiano dos/as educandos.
Quando o aluno/a fracassa na escola, a sala de aula oprime e não deixa esquecer dos fracassos que teve. Pelo olhar atento do/a professor/a pode-se detectar peculiaridades da vida do/a educando/a e ajudá-lo/a a superar suas dificuldades.
No caso da alfabetização, a formação mental das letras é indispensável para o indivíduo aprender a ler e escrever. Essa imagem mental é desenvolvida a partir dos sentidos e do movimento, portanto o uso de alfabeto concreto com letras emborrachadas, ou de madeira pode gerar um aprendizado mais eficaz, do que somente com o uso do quadro branco, do lápis e papel.
O desenvolvimento do cérebro depende constantemente da interação com o meio. No nascimento, ele dispõe de um estoque de saber prévio e, a partir de então, começa de imediato a descobrir o mundo a sua volta.
Por muito tempo acreditou-se que a inteligência e a capacidade de desempenho cerebral e de aprendizagem era predeterminada geneticamente. Hoje já foi comprovado que a genética apenas define o equipamento básico para a construção neuronal, sendo que os estímulos a que for exposto pelo meio determinarão em seguida o desenvolvimento cerebral, assim como determinarão que talentos irão se desenvolver.
REFERÊNCIA: FRIEDRICH E PREISS. Educar com a cabeça. Viver mente e cérebro: revista de psicologia, psicanálise, neurociências e conhecimento: Ano XIV, nº 157, 2006.