A doutrina capitalista e as desigualdades crescentes
A 500 anos vieram a Revolução Científica e a ideia de progresso, que se baseia na noção de que, se houver investimento de recursos em pesquisa, as coisas podem melhorar. Isso foi traduzido em termos econômicos, indicando que para um ser rico não seria necessário que tirasse os bens de outros. O escocês Adam Smith publicou A riqueza das nações. Quando um proprietário de terras, um tecelão ou um sapateiro tem mais lucro do que precisa para manter a própria família, ele usa o excedente para empregar mais assistentes, a fim de aumentar seu lucro. Quanto mais lucro tiver, mais assistentes pode empregar. Daí decorre que um aumento no lucro dos empreendedores privados é a base para o aumento na riqueza e prosperidade coletivas.
- O capitalismo começou como uma teoria sobre como a economia funciona. Depois se tornou muito mais do que uma doutrina econômica. O capitalismo hoje engloba uma ética – um conjunto de ensinamentos sobre como as pessoas devem pensar. E por consequência, como devem se comportar, como devem educar seus filhos, etc.
- Trata-se de um sistema impossível de se sustentar atingindo toda a população e os seus benefícios são limitados a uma seleta parcela. A doutrina do credo capitalista é o crescimento econômico. O crescimento econômico é o bem supremo. É através dele que se tem acesso à justiça, a liberdade e até mesmo a felicidade.
O fundamento do capitalista é o crescimento econômico. Isto é o bem supremo. O sistema é baseado na propriedade privada, na livre concorrência de mercado, livres trocas e no trabalho assalariado. O dono do capital tem a liberdade e o trabalhador pode escolher onde e por quem vai ser avultadamente explorado.
- ue o desenvolvimento econômico era mecanicamente acompanhado do declínio das desigualdades de rendimento. Foi isso que Adam Smith prometeu. Acreditava-se que o bolo de todos iria crescer. Mas Thomas Piketty apresentou cálculos que comprovam que a promessa do Adam Smith jamais se concretizou. Os detentores de capital enriquecem mais rapidamente do que o resto da população. As desigualdades observadas no início do século XXI são comparáveis aos níveis de desigualdade do século XIX e do início do século XX. O que leva a concluir que, se o capitalismo não for regulado, gera desigualdades crescentes.
A divulgação do relatório da organização britânica Oxfam causou ruído em todas as mídias ao constatar que os oito homens mais ricos do mundo possuem tanta riqueza quanto as 3,6 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre do planeta. Isso revela uma concentração de riqueza impressionante.
- sugeriu várias medidas políticas para limitar o aumento das desigualdades, como a criação de um imposto global sobre o capital.
- redução do índice de pobreza, reduzindo as desigualdades e seus efeitos.
É imprescindível aprofundar o entendimento sobre capitalismo-consumismo, o mercado o Estado para entender porque o SUS não dá certo, porque a escola pública brasileira não dá certo, o sistema prisional, etc eternamente. Nada dá certo por um simples fato: Não é para dar certo. Especialmente a escola, visto que saber é poder.
Algumas pessoas consideram que é muito cômodo falar e falar e não buscar soluções. Eu compartilho dessa ideia. Primeiramente digo que estou com David Harvey quando ele fala que qualquer pessoa sensata hoje se juntaria a uma organização anticapitalismo.
Existe uma ampla variedade de movimentos, ideologias, correntes de pensamento que se opõem ao capitalismo-consumismo.
Aprofundar o entendimento, talvez seja o início. Mesmo que a pessoa não se torne um ativista, talvez a atitudes de oposição ao capitalismo-consumismo seja interessante.
PIKETTY, Thomas. O Capital no Século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.