Uma pergunta, o que aprendemos melhor, o que contatamos pela visão, tato, audição, pelo movimento, ou pela reflexão? Tanto faz. Já que os neurônios se comunicam via sinais elétricos, ou seja, via ligações sinápticas, tanto elas podem ser ativadas pela visão, tato, audição como pelo movimento ou mesmo pela mera reflexão.
Porém, as neurociências nos dão outra importante colaboração ao descobrir que quanto mais recursos forem empregados na transmissão de uma informação, melhor ela será fixada na memória. É mais fácil, portanto, aprender quando mais de um órgão do sentido está envolvido.
Quebra-se aí um tabu. Muitos acham que ouvir uma música, por exemplo, é menos proveitoso que uma leitura. Quantas vezes acusam professores/as de “enrolar” ao usar metodologias inovadoras. Pode ocorrer disso se tornar um grande empecilho para a implementação de metodologias mais lúdicas na escola.
A família, às vezes a direção da escola e demais professores/as podem condicionar o aprendizado a conteúdo dado. Sendo assim, se o caderno do/a aluno/a está cheio, é sinal que o professor está trabalhando direitinho. O conhecimento copiado no caderno não garante que esteja assimilado na memória.
Mudar esse paradigma é tarefa árdua da qual não podemos nos esquivar. Uma vez que, desenvolver inteligências não é mesmo que repassar o conhecimento acumulado. Não é o currículo que deve estipular o que será ensinado e aprendido e sim os dons de cada aluno/a.
Gerhard Friedrich e Gerhard Preiss consideram que o princípio mais importante da neurodidática seja contribuir para o entendimento de que as crianças aprendem segundo seus dons e talentos individuais e de acordo com suas capacidades.
Toda criança possui um pacote próprio de possibilidades de desenvolvimento, tem seus talentos específicos, mas também suas fraquezas individuais. Ao que tudo indica, o sistema de busca de informações chamado cérebro sabe quais os pontos fortes do seu dono e procura explorá-los e expandi-los com perguntas direcionadas. A típica ânsia de saber das crianças, que por vezes nos parece infinita, não é, pois, arbitrária e despropositada, e sim balizada por talentos pessoais. À criança interessará mais aquilo que ela sabe melhor, e é também sobre isso que ela fará insistentes perguntas. (FRIEDRICH E PREISS, 2006).
Nossa principal tarefa, portanto, enquanto educadores/as consiste em conhecer as peculiaridades das crianças e jovens e descobrir o que dominam melhor e que lhe desperta o interesse.
A escola deve, para cumprir sua função de desenvolver inteligências, ajustar os conteúdos curriculares aos talentos dos indivíduos. Isso não quer dizer que se ensine apenas o que os alunos gostem – os alunos/as devem sair da escola já com pleno domínio das operações matemáticas, domínio da leitura e escrita e de interpretação e noções de história – mas que tome como elemento norteador da aprendizagem o que os alunos/as gostam e que lhes desperta o interesse para, então, partir para outros conteúdos.
Aprender significa também trilhar caminhos próprios, pesquisar e experimentar coisas. Isso só é possível quando a camisa-de-força do currículo escolar não aperta demais, e quando professores estimularem a avaliarem seus alunos individualmente. A escola precisa inspirar vontade de aprender. E essa vontade principia, em geral, com a sensação de que se é capaz e, ao menos em determinadas áreas, competente. (FRIEDRICH E PREISS, 2006)
Ao adquirir autoconfiança, o aluno/a, ao descobrir seus talentos e saber que são competentes em determinada coisa, fica mais fácil lidar com as coisas que não domina.
Porém, quando vemos as salas de aula supervalorizando o quadro de giz, sem preocupação maior com a mente do aluno/a entendemos porque é tão importante que o conhecimento da Didática Neurocientífica seja mais ampliado.
Quando vemos que a escola baseia-se exclusivamente em conhecimentos lógico-matemáticos e nas funções linguísticas superiores, desprezando os outros tipos de inteligências que os alunos/as têm e, consequentemente, levando-os a reprovação, entendemos porque é tão importante que a teoria como das inteligências múltiplas e inteligência emocional seja mais ampliada e de fato, seja utilizada como parâmetro nas escolas.
REFERÊNCIA:
FRIEDRICH E PREISS. Educar com a cabeça. Viver mente e cérebro: revista de psicologia, psicanálise, neurociências e conhecimento: Ano XIV, nº 157, 2006.